Petrobrás – Redução da Nota de Crédito

Notícia publicada no site Diário de Pernambuco em 3/12/2014 no link http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2014/12/03/internas_economia,546980/agencia-moody-s-reduz-nota-que-mede-gestao-da-petrobras.shtml

Contribuição de Yuri Cândido

Notícia:

“As denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras já afetam a avaliação de risco da estatal. Nesta quarta-feira (3) a agência de classificação Moody’s decidiu rebaixar a nota que mede a gestão da estatal sem o suporte do governo. O pano de fundo é a fragilidade da governança corporativa da petroleira e sua capacidade de evitar prejuízo aos investidores causados por fraudes.

A agência rebaixou em um degrau a classificação do risco individual de baa3 para ba1. Apesar da queda, a nota ainda mantém a Petrobras no seleto grupo de empresas com selo de grau de investimento, ou seja, com maior acesso a crédito de grandes investidores internacionais. A Moody’s, porém, não mexeu na nota global da Petrobras, que permanece em baa2, com perspectiva negativa.

A decisão de hoje pode ser uma indicação de que a Petrobras corre o risco de ter sua nota global rebaixada em breve. Mas, segundo fontes, a chance da petroleira perder o grau de investimento é mínima.

Para que isso aconteça, a Moody’s teria que rebaixar em mais dois níveis a classificação da Petrobras. O que tem sustentado a nota global da companhia é a certeza de que a estatal poderá sempre contar com o apoio do Tesouro Nacional.

A Moody’s já havia demonstrado confiança no governo ao justificar a manutenção do grau de investimento da petroleira em outubro. Naquela ocasião, a agência já havia rebaixado a nota global da petroleira, de Baa1 para Baa2. A decisão foi justificada pelo alto grau de endividamento da empresa.

Apesar de o mercado ainda não conhecer os resultados da companhia no terceiro trimestre, que teve a divulgação suspensa após a auditoria externa Pricewaterhouse Coopers (PwC) se recusar a revisar os números sem um aprofundamento das investigações de corrupção, o rebaixamento expressa o pessimismo com o cenário econômico da companhia. A avaliação é que pesou na decisão da Moody’s, além do cenário de incertezas diante do impacto contábil da corrupção no caixa da empresa, a possibilidade de a Petrobras ter suas dívidas cobradas antecipadamente pelos credores.

Fator que pesa sobre essa avaliação é a alavancagem da companhia medida pelo ela relação entre endividamento líquido e patrimônio líquido. No segundo trimestre, a alavancagem ficou em 40%, acima do patamar de 35% desejado pela estatal. A perspectiva da Petrobras é que o indicador só volte aos níveis desejados após 2018. Atualmente, a companhia possui mais de R$ 308 bilhões em endividamento bruto.

Parte deste valor é em moeda estrangeira, o que expõe a companhia às oscilações e pressões do câmbio. O que preocupa a companhia e os investidores é que parte desses títulos de dívidas condiciona o prazo de vencimento à apresentação atualizada das informações financeiras. Como não houve o balanço do último trimestre, poderia acontecer uma corrida de antecipação de resgate dos títulos, ampliando o custo para a empresa.

Até junho, a companhia registrou em caixa operacional de R$ 30,5 bilhões e investimentos de R$ 41,499 bilhões. No acumulado do primeiro semestre, o lucro da estatal somou R$ 10,352 bilhões, retração de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.”

Comentários:

  • você considera o trabalho realizado pelas agências de risco relevante? Por que?
  • você concorda com o rebaixamento da nota de Petrobrás? Ou você acha que o grau de rebaixamento devereria ter sido maior?
  • qual parece ser o maior problema da Petrobrás no momento?

Um pensamento sobre “Petrobrás – Redução da Nota de Crédito

  1. O trabalho das agências de risco é de grande relevância, pois a maioria dos investidores leva em consideração a nota da empresa, antes de começarem seus investimentos. Isto é, antes de se tornar um credor da companhia, de “emprestar” dinheiro à ela seja por via de títulos de dívida ou por meio de ações, é muito importante saber se a empresa tem recursos para orçar com os seus compromissos, i.e, não se tornar inadimplente. A principal forma de saber se uma empresa está apta a orçar com os seus compromissos, é olhando para a sua nota e assim saber em qual risco a empresa se encontra.
    Eu concordo plenamente com o rebaixamento de nota da Petrobras, inclusive em fevereiro de 2015, data após essa matéria ter sido escrita, a empresa perdeu seu grau de investimento pela Moody’s, o que eu concordo. Esse rebaixamento faz com que a Petrobras seja vista como uma empresa com alto risco de calote para seus credores. O principal problema da Petrobras é a operação chamada Lava Jato, que consiste na lavagem de dinheiro que teria movimentado ilegalmente mais de R$10 bilhões, sendo parte desses levados a aliados do governo PT. Além disso, há o enorme atraso em divulgar o seu balanço contábil do terceiro e quarto trimestres de 2014.

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